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Distúrbios Alimentares na Adolescência



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Anorexia

O seu curso e evolução são altamente variáveis, alguns doentes conseguem recuperar minimamente, outros tornam-se doentes crónicos que se vão deteriorando até morrer.
A idade média para o início da anorexia nervosa é aos 17anos, embora em alguns casos comece aos 14anos, mas raramente ocorre em mulheres/homens com mais de 40anos.
Esta doença afecta mais o sexo feminino (cerca de 95%) do que o sexo masculino (cerca de 5%)



O que é a anorexia?
É uma disfunção alimentar, caracterizada por uma rígida e insuficiente dieta alimentar devido à obsessão de magreza e ao medo mórbido de ganhar peso.
É ainda uma doença bastante complexa pois além da limitação da ingestão de alimentos envolve ainda componentes psicológicas, fisiológicas e sociais.


Características de uma pessoa que sofre de anorexia nervosa:
-Recusa em manter o peso corporal igual ou acima do mínimo normal adequado à idade e à altura.
-Medo intenso de ganhar peso ou se tornar gordo, mesmo quando está com o peso abaixo do normal.
-Perturbação no modo de vivênciar o peso ou a forma do corpo (negação do baixo peso corporal).

Causas que levam a este distúrbio alimentar:
-Influência dos mass media -impõe o estereótipo de que a magreza é um factor importantíssimo, senão indispensável, para o sucesso social e económico de uma pessoa.
-A interacção sociocultural mal adaptada
-Personalidade vulnerável
-Mecanismos/processos psicológicos menos específicos
-Factores biológicos:
- Alterações hormonais;
- Disfunções de neurotransmissores cerebrais (ligados a regulamentação normal do comportamento alimentar e manutenção do peso);
- Disposição genética (maior probabilidade em gémeos monozigoticos do que em dizigoticos);
- Hereditariedade (doentes parentes de 1ºgrau que sofrem/sofreram de anorexia tem um risco aproximadamente oito vezes maior para desenvolver a doença);
- Sistemas familiares (conflitos, envolvimento das crianças em tensões familiares, pais ausentes mães que competem com as filhas física e socialmente);
- Profissões (ligam beleza a magreza (bailarinas, modelos, etc.)).

Consequências:
Sintomas depressivos:
- Humor deprimido;
- Retraimento social;
- Irritabilidade;
- Insónias;
- Sentimento de inutilidade.

Aumento elevado de ureia sanguínea
Desidratação do organismo
Alteração de várias substâncias fundamentais ao equilíbrio do organismo
A auto-indução do vómito provoca alcalose metabólica
O uso de laxantes causa acidose metabólica
Nas mulheres a diminuição do estrogeno sérico
Nos homens a diminuição dos níveis de testosterona
Diminuição do ritmo cardíaco (bradicardia sinusal)
Arritmia cardíaca
Aumento da razão ventricular-cerebral
Amenorreia (supressão de menstruações)
Prisão nos intestinos
Dores abdominais
Intolerância ao frio
Letargia e hipotermia
Hipotensão
Os pelos do tronco tornam-se mais finos desenvolvendo lanugo
MORTE

Tipos de anorexia nervosa:

TIPO RESTRITIVO
Neste tipo a perda de peso é conseguida através de dietas, jejuns e/ou exercícios excessivos.

TIPO COMPULSIVO PERIODICO/PURGATIVO
Neste tipo alguns pacientes comem compulsivamente e logo realizam a purgação, mas na sua maioria estão os pacientes que pouco ou nada comem e que mesmo assim fazem o processo de purgação mediante vómitos auto induzidos ou uso de laxantes, diuréticos ou edemas.

Os pacientes/doentes de anorexia nervosa do tipo compulsivo periódico/purgativo estão mais propícios ao abuso do álcool ou outras drogas, são bastante mais activos sexualmente e com maior instabilidade do humor.


Possível tratamento:
A primeira e principal dificuldade em relação ao tratamento é a negação da doença e a desconfiança em relação aos médicos, pois vêem-nos como inimigos e em que a única coisa que lhes interessa é faze-los perder a vontade de controlar os seus pesos.
Por isso o médico não deve focar ou tornar apenas os hábitos alimentares saudáveis/normais e o ganho de peso como os únicos objectivos.
Dependendo das condições clínicas do paciente, é necessário proceder ao internamento do doente para restabelecimento da sua saúde e a família deve ser informada sobre a gravidade do problema não dando falsas expectativas nem dizer-lhes que a cura será fácil.
Neste caso, em que o doente é internado, procede-se à correcção hidroeletrolitica (dieta hipercalórica), correcção das possíveis alterações metabólicas e inicia-se um tratamento psiquiátrico.
A psicofarmacoterapia é indispensável e normalmente faz-se com anti- depressivos que tenham como efeito colateral também o estimulo do apetite e o ganho de peso e caso haja necessidade de sedar o paciente (quase sempre é necessário) é recomendado que seja feito com neurolépticos e de preferência aqueles que aumentam o apetite.
Apesar de todo este processo e das melhoras é bom que se lembre que as recaídas são frequentes e nos casos de internamento a taxa de recidiva imediata é superior a 25%, por isso o seu acompanhamento deve ser feito por muitos anos.